Saiu cedo,
cinco da manhã já estava de pé, escovou os dentes, calçou os velhos sapatos,
pós a mochila nas costa, pegou a bicicleta o portão rangeu e tudo foi ficando
para traz, a estrada prolongando-se a frente. Uma pequena carta deixara em cima
da mesa alguém irá abri-la, mais cedo ou mais tarde alguém irá ler todas as
linhas da extensa carta, enquanto não abrem me distancio porque não quero mais
voltar, não quero que me encontrem, só quero pedalar até o sul, só quero vagar
“sem lenço nem documento”.
As
lembranças foram sempre dolorosas, uma dor de insatisfação e incompreensão. Eu
não vou ficar parado na inconformidade esperado a morte se aproximar, não fui
feito para inércia, eu quero o movimento, a estrada em movimento, o mundo em
movimento continuo. Somos engrenagens e precisamos de movimento constante, a
conformidade é o ferrugem que corroí e trava as engrenagens. Não vou esperar o
ferrugem tomar conta das minhas engrenagens, não vou permitir que o ferrugem me
aliene.
Ate aqui
ninguém nunca me compreendeu, não esperarei mais essa compreensão inusitada,
não preciso mais, o que preciso agora é de uma trilha sem fim, de uma estrada
bem longa de caminhões e boleias, de andarilhos e solitários. A carta que
deixei contem todas as minhas magoas e angustias sinceras. As coisas sempre
aconteceram tardiamente em minha vida, não vou falar de sonhos e alegrias,
desde uma simples descoberta até um sopro violento de sentimentos. Está lá a carta
sobre a mesa esperando alguém abri-la, enquanto na estrada para sul pedalo até
o ultimo fôlego.
Tem mais
vida por ai à toa, não fique esperando o tempo passar e a ferrugem chegar.
[ aaah inquietude,
ResponderExcluiressa, permanece]