Nietzsche

""Como é que se deve subir a encosta?" Simplesmente sobe e não penses nisso!" [Nietzsche]

Manoel de Barros

"Nasci para administrar o à-toa, o em vão, o inútil." [Manoel de Barros]

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Vontade de liberdade



Saiu cedo, cinco da manhã já estava de pé, escovou os dentes, calçou os velhos sapatos, pós a mochila nas costa, pegou a bicicleta o portão rangeu e tudo foi ficando para traz, a estrada prolongando-se a frente. Uma pequena carta deixara em cima da mesa alguém irá abri-la, mais cedo ou mais tarde alguém irá ler todas as linhas da extensa carta, enquanto não abrem me distancio porque não quero mais voltar, não quero que me encontrem, só quero pedalar até o sul, só quero vagar “sem lenço nem documento”.

As lembranças foram sempre dolorosas, uma dor de insatisfação e incompreensão. Eu não vou ficar parado na inconformidade esperado a morte se aproximar, não fui feito para inércia, eu quero o movimento, a estrada em movimento, o mundo em movimento continuo. Somos engrenagens e precisamos de movimento constante, a conformidade é o ferrugem que corroí e trava as engrenagens. Não vou esperar o ferrugem tomar conta das minhas engrenagens, não vou permitir que o ferrugem me aliene.

Ate aqui ninguém nunca me compreendeu, não esperarei mais essa compreensão inusitada, não preciso mais, o que preciso agora é de uma trilha sem fim, de uma estrada bem longa de caminhões e boleias, de andarilhos e solitários. A carta que deixei contem todas as minhas magoas e angustias sinceras. As coisas sempre aconteceram tardiamente em minha vida, não vou falar de sonhos e alegrias, desde uma simples descoberta até um sopro violento de sentimentos. Está lá a carta sobre a mesa esperando alguém abri-la, enquanto na estrada para sul pedalo até o ultimo fôlego.

Tem mais vida por ai à toa, não fique esperando o tempo passar e a ferrugem chegar.


           

Um comentário: